Muito interessante o texto que li no blog Aum Magic .É uma realidade. Uma vez um indiano disse que as pessoas reclamam que os homens cheiram mal mas as mulheres cheiram mais ainda. Eu entendi que ele não sabia o que estava dizendo, pois eu sei que no país dele a saúde da mulher ainda é um tabu, pois infelizmente muitas mulheres não tem condições e nem instruções de manter o corpo higienizado ao longo do dia simplesmente porque as pessoas não conversam sobre isso e não oferecem produtos adequados para a higiene íntima feminina em nome da vergonha.
Eu mesma estou abordando esse assunto no blog sob risco de cara fechada dos conhecidos indianos que souberem que abordei esse tema pois é um tabu muito forte, onde já se viu escrever sobre menstruação na internet?ohhhh O preconceito é muito comum, tem até o blog de uma gringa que dizia nao poder entrar na cozinha quando estava menstruada, aí as amigas disseram, "ué, entre assim mesmo, ninguem vai saber" e ela respondeu que seria pior pois como ela era hospede da familia do noivo indiano, eles poderiam pensar que ela estava gravida antes de se casar com ele kkk. Complicado!
Recomendo também a leitura do texto de uma brasileira que vive na India, a Juliana. http://tabibitosoul.com/2014/09/19/incomodada-ficava-a-sua-vo/
Me sentia suja' - o tabu de menstruar na Índia
"Nunca vou deixar minha filha sofrer como eu sofro quando fico menstruada. Minha família me trata como uma intocável", diz a indiana Manju Baluni, de 32 anos.
"Eu não posso ir à cozinha, não posso entrar no templo, não posso sentar com os outros", afirma a mãe de uma menina de 9 anos, moradora de um vilarejo distante em Uttarakhand, um estado montanhoso no norte da Índia.
No país, há geralmente um silêncio em torno da questão da saúde das mulheres - especialmente em torno da menstruação. Um tabu arraigado alimenta a criação de um mito risível em torno da menstruação: mulheres ficam impuras, imundas, doentes e até mesmo amaldiçoadas durante este período.
As pessoas acreditam que as mulheres menstruadas não devem tomar banho e que ficam anêmicas.
Um estudo recente realizado por um fabricante de absorventes descobriu que 75% das mulheres que vivem em cidades ainda compram os produtos envoltos em embalagens marrons ou jornais por causa da vergonha associada à menstruação.
Elas também quase nunca pedem a um homem para comprar absorventes.
Cresci em uma casa cheia de mulheres, mas a gente nunca discutia abertamente um dos ritos de passagem mais naturais do mundo.
Minha mãe costumava cortar lençóis velhos e esconder os pedaços em uma caixa, pronta para ser usada por suas quatro filhas.
O maior desafio era secar esses pedaços de pano. Tenho lembranças claras de me sentir tensa e preocupada com o processo.
Minhas irmãs me ensinaram o truque para manter aquelas tolhas manchadas sob outras roupas para que nenhum homem percebesse. Não podíamos arriscar colocá-las sob o sol para secar completamente.
O resultado era que elas nunca secavam completamente, deixando um fedor horrível. Essa toalha pouco higiênica era usada várias vezes.
A falta de água tornava o processo ainda mais difícil e pouco higiênico. E isso não mudou muito para a maioria das mulheres indianas.
Estudos recentes mostram que essa práticas constituem um perigoso risco para a saúde das mulheres.
Dados também mostram que uma em cada cinco garotas deixa a escola por causa da menstruação - são mais de 3 milhões de mulheres na Índia que deixaram as salas de aula.
Margdarshi, de 15 anos, ama ir à escola e nunca perde aulas - exceto no ano passado, quando ela quase desistiu de estudar após ficar menstruada pela primeira vez.
"Me sinto envergonhada, brava e muito suja. Eu parei de ir à escola no início", conta. "Estou sendo com medo de que alguém perceba, que vaze", diz.
Ela quer ser médica e questiona por que os garotos da sua turma riem tanto na aula de biologia quando o professor explica a menstruação.
"Eu odeio isso. Queria que pudéssemos ser mais tranquilos e ficássemos confortáveis falando sobre isso. Todas as mulheres passam por isso, o que há de engraçado?"
Anshu Gupta, fundador da organização não governamental Goonj, acha que o problema é a questão ser tratada como um "assunto de mulher".
"Não é um problema de mulheres. É uma questão humana, mas acabamos isolando isso. Precisamos sair dessa cultura de vergonha e silêncio. Precisamos quebrar isso."
Tentando acabar com o silêncio em torno da questão, Goonj é um dos vários grupos que estão executando campanhas para educar as pessoas sobre a menstruação e os mitos em torno dela.
Ele funciona em 21 dos 30 Estados da Índia.
A organização também faz absorventes baratos a partir de panos reciclados para ajudar as 70% de mulheres indianas que não têm acesso a absorventes seguros e higiênicos.
Quebrando mitos
Outras iniciativas também estão tentando quebrar os tabus em torno da menstruação.
A Menstrupedia, um site dirigido por quatro indianos, visa "estremecer os mitos e entendimentos que cercam a menstruação" e apresenta histórias em quadrinhos e guias simples sobre puberdade, menstruação e higiene. Ele recebe mais de 100 mil visitantes por mês.
Uma mulher que abandonou a escola no Estado indiano de Tamil Nadu foi uma dos primeiras a começar a fazer absorventes baratos usando máquinas simples.
Arunachalam Muruganatham diz que o absorvente tinha que "sair do armário".
É difícil ser uma mulher pobre na Índia, e isso não vai mudar tão cedo.
Mas, gradualmente, as mulheres começaram a assumir o controle de suas vidas. Muitas delas não ficam mais presas em casa durante a menstruação - eles podem optar por sair, trabalhar, ou continuar com seus estudos.
Mais importante, eles estão começando a falar sobre isso. Sem vergonha.
Entre os dias 27 e 29 de outubro, a BBC promoveu o debate "100 Women", que reúniu 100 mulheres que tiveram destaque em suas áreas. O projeto traz uma série de reportagens mostrando a vida de diferentes mulheres pelo mundo. Participe do debate no Facebook e no Twitter usando a hashtag #100Women.
Estado da Índia oferece prêmios a casais que aceitarem esterilização
Autoridades de saúde do Estado indiano do Rajastão, no oeste do país, lançaram uma campanha na qual oferecem prêmios a casais que se submeterem a um procedimento de esterilização.
Para tentar reduzir as altas taxas de natalidade, as autoridades estão estimulando homens e mulheres a se submeter às cirurgias de forma voluntária. Em troca, eles podem participar de uma loteria que sorteia carros, motos, aparelhos de televisão, entre outros prêmios.
Entre os prêmios oferecidos está o Tata Nano, o carro mais barato do mundo.
O chefe do setor médico de Jhunjunu, Sitaram Sharma, espera que estes prêmios possam levar pelo menos 20 mil homens e mulheres a fazer a esterilização.
E a oferta não está aberta apenas a moradores da região, todos os indianos poderão ir até o Estado para fazer o procedimento e ganhar os prêmios.
Segundo o correspondente da BBC em Nova Déli Mark Dummett, muitos no governo indiano temem o aumento da população do país, que deve ultrapassar a população da China em 2030.
Outras regiões também já ofereceram incentivos para casais que se oferecem para o procedimento de esterilização.
A Índia já tentou fazer campanhas de esterilização. Uma destas campanhas, nos anos 70, teve que se encerrada depois de reclamações de que milhares de homens e mulheres tinham sido obrigados a fazer o procedimento.
Fonte:http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/11/141112_india_esterilizacoes_hb