quarta-feira, 29 de outubro de 2014

E a minha adaptação como foi??

Ola!! Esses dias nao consegui escrever aqui, estou cheia de ideias mas me falta um pouco de tempo livre na internet.. Nao gosto de escrever pelo celular porque nao sei formatar o texto sem falar nos erros de digitaçao dificeis de resolver...mas como sou fiel ao blog aqui estou.

Eu sempre falei sobre a adaptaçao do meu marido no Brasil mas é óbvio que precisei me adaptar a muita coisa e enfrentei muitas diferenças culturais, até que tudo ficasse meio termo, pois no inicio as divergencias foram muitas tanto para mim quanto para ele. O meu marido precisou se adaptar a nossa cultura, mas e quanto a mim? Como  foi e como tem sido? Não foi fácil. Como dizem, o primeiro ano do casamento é o mais dificil, e para mim nao foi diferente porque é aí que vemos os hábitos de cada um e claro, os costumes.
 Depois de refletirmos muito o porquê de tantas divergências, chegamos a conclusão que viemos de mundos diferentes, não apenas países! Vou só listar alguns exemplos:
Enquanto na India ele come com a mão, aqui no Brasil uso garfo e faca.   
Enquanto ele coloca sal no suco, iogurte e frutas, eu coloco açúcar.
Na India é comum beber chá toda hora. No Brasil bebemos café.
Na India não se encosta na pessoa para cumprimentar, no Brasil apertamos a mão, abraçamos e muitas vezes até beijamos.
Na India um homem não enconsta na mulher, aqui no Brasil eles cumprimentam as mulheres com beijo no rosto;
Na India a maior parte da comida é natural, no Brasil a maior parte é artificial.
Na India o volante é do lado direito, no Brasil é esquerdo..
Esses foram só exemplos bobos! Observe que não falei nada sobre moral.

O que mais me adaptei? Sabe aquelas ligaçoes para os familiares e amigos no meio da noite devido o fuso horario? Nos primeiros meses passaram a fazer parte da minha vida, noites mal dormidas devido o uso do skype.
No inicio tive que me acostumar com as ligaçoes para a India, e quem faz ligaçoes para lá sabe que enquanto é dia na India, aqui é tarde da noite para nao dizer madrugada. Isso ja foi motivo de discussao porque eu queria dormir e ele queria matar a saudade da familia e amigos. No primeiro mês eu nem ligava, mas depois de meses eu passei a me incomodar. Graças a Deus hoje existe celular com todo tipo de aplicativo e skype virou coisa do passado.
No dia-a-dia vieram outras preocupações:

ROUPAS
ANTES: Tive que me adaptar ao jeito de um indiano punjabi conservador, nao queria que eu cortasse e nem colorisse os cabelos, nao queria que eu usasse roupas curtas e decotadas, nao mostrasse os ombros...uma vez ele falou que se pudesse queimaria todas as minhas roupas curtas que eu tinha no guarda-roupas. Nao queria que eu usasse salto alto, palpitava em todas as roupas antes de sair de casa, na hora de comprar sempre dava opiniao..no começo fui me adaptando até que naturalmente as coisas foram voltando ao normal.
HOJE: posso usar tudo o que tenho vontade como eu sempre usei antes e agora até pede para eu usar salto, aos poucos ele foi mudando sem eu forçar a barra, aconteceu naturalmente, até biquíni uso normalmente na praia, mas nunca na frente de outro indiano.
A única coisa que de fato precisei mudar foi a vestimenta no caso de recebermos algum indiano em casa: quando o marido vem com algum amigo já me manda uma mensagem no celular dizendo que teremos visita, assim coloco uma roupa mais comportada. Eu entendo isso, porque infelizmente se eu aparecer com blusinha ou vestidinho os amigos vão entender como uma provocação, como se eu estivesse com a intenção de seduzir. É assim que a maioria dos homens orientais pensam.

AMIGOS
No início ele se importava muito quando algum homem vinha me cumprimentar no rosto.
HOJE: ele entende que é costume de brasileiro e nao se importa tanto assim. Eu evito mas nem sempre dá para escapar pois as pessoas já nos cumprimentam assim naturalmente e nem dá tempo de dar um aperto de mão mas por ele nenhum homem me cumprimentaria no rosto até hoje.

FAMILIA
ANTES: ele tinha ciume da minha familia e nao aueria que eu tivesse contato com eles frequentemente, pois na cultura indiana a esposa passa a fazer parte da familia do marido, quando é uma família conservadora isso é imposto, entao para ele nao tinha porque eu falar com minha mae frequentemente. Sofri muito com isso pois eu morria de saudade da minha mae e nunca abri mao de minha familia, sempre bati de frente e disse que isso eu nao mudaria nunca.
HOJE: nunca cortamos o contato com minha família e agora ele entende o que é familia e povo brasileiro é muito mais família do que qualquer povo oriental. Brasileiro que diz que povo do oriente dá valor à família nunca passou por isso, porque no Brasil nem sonhamos com a hipótese da filha deixar de ter contato com os pais dela depois que casar. Essa história de que a esposa passa a fazer parte da família do marido e chamar a sogra de mamãe é muito bonita nos livros, filmes e "blogs" afora porque na prática não é tão bonito assim.

COMIDA
Deixei de comer carne vermelha frequentemente e nao como carne de porco de jeito nenhum, isso inclui salsicha, salame, presunto, mortadela, qualquer coisa que tenha bacon, feijoada...isso ja rendeu briga quando uma vez eu comi bacon...
Tem dias da semana que não comemos nenhum tipo de carne, nem ovos.
Existem os festivais religiosos que fazemos jejum ou nos abstemos de certos alimentos ou temperos..
Bebidas, eu ate tomo cerveja ou vinho mas nunca na frente de outros indianos.

Tive que me adaptar a varias coisas, e restrições. Hoje só posso dizer que ele mudou quando passou a viver no Brasil e só tenho minha liberdade porque ele usufruiu dessa experiência de viver aqui. Acredito que se ele nunca tivesse morado no Brasil nada teria mudado e eu teria que me adaptar 100% à cultura e costumes dele, pois como exigir atitudes da parte dele até então desconhecidas para ele?
Tem mulher que mora no Brasil e vive do jeito brasileiro, mas não passa pela cabeça que no momento que seu marido se juntar ao povo dele ou te levar para o país dele, não vai ser diferente de ninguém, vai seguir todos os costumes e tradições. Por exemplo, quando recebemos visita de algum indiano na nossa casa não bebo cerveja, não uso roupas decotadas, meu marido não demonstra muito afeto, porque está na frente de um indiano, é automático. Quem se relaciona com pessoas de países conservadores e não espera mudar nada é louca, porque uma hora ou outra a cultura vai te pegar.
E olha que nao tem nada a ver com religião! O sikhismo, por exemplo, é uma religião digamos, moderna, que reconhece a igualdade do homem e da mulher, Deus como único criador do Universo, não é a favor de jejum (mulheres sikhs não fazem jejum para o marido como as mulheres hindus), e nem tem restrições alimentares como no islamismo, hinduísmo e cristianismo, por exemplo. A diferença mesmo é cultural, pois meu marido é sikh indiano, então os costumes irão com ele onde ele for independente da religião dele. Gosto de ressaltar isso porque vejo pessoas em relacionamentos interculturais e justificam tudo devido a religião da pessoa, mas não enxergam que a maior das barreiras é a cultural e não a religiosa. 
 Está em relacionamento intercultural? Dê atenção aos costumes, pois eles farão parte de cada segundo da sua vida, você querendo ou não.







4 comentários:

  1. Oi, Star!Amei o post! Concordo em numero e grau com o que voce citou. Nao tive que passar por tantas mudancas,mas o choque de personalidades foi inevitavel. O que mais me estressou e estressa ate hoje eh nao poder sorrir tanto para as pessoas (independente do sexo delas), algo que era comum no Brasil e Japao e muito bem visto, alias. Mas, aqui, se eu sorrio muito, vem logo reclamacao!Acho que o maior choque ocorre mesmo quando vou na casa dos sogros, ja que tenho que a cada dez minutos minha sogra ajeita a minha dupatta, da palpite em tudo que eu faco ou visto e, como sou brasileira, nao vejo isso como carinho, mas sim, intromissao!Mas, levando no bom-humor, a gente vai driblando as diferencas sem maiores problemas, ne? Um abraco!

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    1. É verdade, nos brasileiras vemos isso como intromissão, o que nao deixa de ser verdade, afinal nos sabemos o gosto da liberdade e independencia, mas eles nao entendem isso, acho que nem os homens sao independentes pois estao sempre abaixo de alguma regra e nem sabem porque a seguem.

      Quanto ao sorriso, te falei que meu marido achava que todas as mulheres aqui paqueravam ele porque sorriam sempre quando falavam com ele rsrs depois que entendi porque as indianas sempre sao serias, inclusive nas fotos!
      Beijos!!

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  2. Nossa, que dureza! Como vc casou com ele? Foi tipo "casamento arranjado" ou vc conheceu ele pessoalmente e se apaixonaram?
    Fico triste de ver vc passando por isso, sou muito feminista, parece que o respeito pela mulher só vai até certo ponto com esses indianos.... =/ é muito conservadorismo, não dá pra ser natural, a mulher é vista como pertencendo ao marido, e as concessões que ELE teve de fazer? muito poucas, parece.
    Não estou criticando seu casamento, muito menos você, por favor não me entenda mal, mas sim essa questão como um todo.
    Beijo.

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    1. As duas coisas! Foi tipo arranjado pela internet depois ele veio ao Brasil me conhecer pessoalmente. Depois de um tempo nos casamos.

      Foi dificil mas eu ja sabia como seria no inicio e o que esperar dele, ja havia me informado sobre a cultura e as diferenças. Ele tambem veio preparado pois sabia que eu sou ocidental e tenho costumes diferentes. No dia a dia qualquer casal sofre diferença pois a convivencia traz isso à tona principalmente no inicio.

      Nao foi facil para ele largar tudo, familia, amigos, bens, para começar do zero num país diferente. Ele tambem precisou abrir mao de muita coisa, até mesmo passar pela longa fase do desemprego e certos preconceitos por ser estrangeiro, aprender um novo idioma e depender dos outros praticamente 100% no começo. Sao concessoes que a gente nao quer ver ninguem fazer mas ele nao desistiu, enfrentou e enfrenta ate hoje por mim pois na India a minha adaptaçao seria muito mais dificil e ele nao quer que eu passe por tudo isso lá.

      A vida é assim, tem mulher que veste até burca e é feliz, coisa que nao entendo, mas felicidade é relativa, o que para mim pode ser uma tortura para outra pessoa nao é.
      Beijo

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