sábado, 21 de fevereiro de 2015

Sou Oprimida

Por uma sociedade que pensa que mulher para ser mulher deve ser mãe. Se ela não é mãe parece que algo está faltando nela, ou o casamento ainda não é casamento de verdade. Se engana quem pensa que estou falando da sociedade indiana, estou falando da brasileira mesmo.
Uma das coisas que está me deixando chateada é essa pressão que as pessoas colocam em mim quando ficam sabendo que sou casada e ainda não tenho filhos. Está certo que estou nos meus 31 anos e a cada ano que se aproxima é uma contagem regressiva, mas isso é coisa que deve ser planejada e as pessoas pensam que é só casar, fazer um "sapeca iaiá" e esperar nove meses. Casamento é muito mais do que isso. Ninguém vê que eu e meu marido começamos do zero ...como vou ter filho agora?

Já perdi as contas de quantas mulheres (só mulher pergunta isso, porque homem não está nem aí) que conversam comigo na rua e querem saber se tenho filhos, mas quando respondo que não tenho já falam "Ahhh está na hora de ter um!!" ou pessoas conhecidas que me encontram a dizem "e aí..quando vem o bebê?? Você tem que ter um bebê". Até amigas próximas estão falando assim comigo.

Há dois dias atrás fomos numa galeria da Paulista e parei para comprar um brinco que gostei. A moça começou a conversar, ela trabalhava com produtos indianos e quando ficou sabendo que meu marido é indiano já começou o assunto: " É uma cultura muito diferente, porque eles esperam muita submissão da mulher, né? Há quanto tempo vocês são casados? Vocês tem filhos?"
Quando falei que não tenho filhos, o rosto dela mudou, parece que perdeu o interesse como se nosso casamento não fosse de verdade. Ela fez uma cara de decepção. Deu vontade de falar que submissa é ela que vê a mulher dessa forma.

Eu já ouvi casos de mulheres casadas que constantemente passam por isso e hoje entendo como é chato, pois isso é uma regra, ninguém escapa.

Nós vivemos numa sociedade que ainda pensa que família só é completa quando vem filho, enxerga a gente como uma namoradinha eterna e só nos vê como mulher e esposa de verdade quando mostramos que temos filhos.

É muito chato isso, é constrangedor ficar perguntando se um casal tem filhos ou não. Acho que isso não se pergunta, afinal quando a pessoa tem orgulho da sua prole não precisa mais do que 5 minutos de conversa para ela te mostrar a foto que carrega no celular. 

Vivemos sob constantes julgamentos. Quando a mulher engravida muito cedo os outros a julgam, dizem que ela não será boa mãe, que perdeu a juventude, e que cometeu um erro. Quando a mulher é casada e não tem filhos as pessoas julgam que ela não é esposa de verdade, o casamento é uma farsa e não existe nenhuma base familiar. A maioria dessas pessoas provém das famílias mais desestruturadas que existem e mesmo assim não deixam de dar esse tipo de pitaco na vida dos outros.
Como dizem, é difícil olhar o próprio umbigo.

São situações que passaram a fazer parte da minha vida.

Preciso aprender a lidar com isso.

Abraços!







sábado, 14 de fevereiro de 2015

Não sei comer com as mãos

Descobri que comer com as mãos é uma arte. Aqui no Brasil as pessoas torcem o nariz quando pensam na ideia de comer com as mãos, mas isso requer certa habilidade, pois fomos ensinados desde pequenos a comer com garfo e faca.

No início eu também achava estranho, imaginava algo como uma criança se deliciando com um sorvete. 
www.dinofa.com
Me enganei, me surpreende a habilidade que os indianos tem, e como as mãos deles ficam limpinhas! Quando vou a algum restaurante indiano estão todos na maior calma do mundo, usam o chapati (pão indiano) da mesma forma que algumas pessoas comem sopa acompanhada com pão aqui no Brasil. Enquanto isso eu fico tensa, faço a maior bagunça no prato e sujo minhas mãos toda hora. Já fui pior, mas preciso melhorar.

É incrível mas comida indiana com garfo e faca não tem o mesmo gosto, acho que é psicológico, mas os mais velhos dizem que o garfo e faca tiram a energia da comida com o nosso corpo. Qual seria o motivo de tanta vergonha de tocar a comida com as mãos se nossas mãos foram dadas por Deus? Concordo, então curto ao máximo a comida indiana.

Mas iniciante é assim mesmo, era muito comum eu esquecer que tinha comido com as mãos e tocar os olhos, e posso garantir que pimenta nos olhos não é refresco! Mesmo após lavar as mãos com sabonete, a pimenta estava lá. 
Já aconteceu também de eu passar a maior vergonha quando fui toda "chiquetona" numa loja de cosméticos e quando peguei o produto na frente do vendedor me dei conta de que as minhas unhas estavam todas amarelas por causa do turmeric(açafrão-da-terra em pó) porque naquele dia eu fiz comida indiana com bastante turmeric. Fiquei com tanta vergonha, afinal, quem vai saber que foi o tempero da comida indiana que deixou as unhas amarelas? Devem ter pensado que eu estava com alguma coisa nas unhas, passei a maior vergonha.

Hoje isso não acontece mais pois estou melhorando, claro que não chego nem perto da forma que um indiano come.

Quando vou em restaurante indiano vejo a cena: indianos comendo com as mãos e brasileiros comendo com garfo e faca. 

Só dou uma dica aos brasileiros, não tenham vergonha de comer uma comida indiana com as mãos. Não precisa comer chapati com garfo e faca, gente, o mais gostoso é partir com as mãos e pegar a comida com ele.
O chapati é o seu garfo: você passa o chapati no chutney, nos vegetais, na carne, em tudo o que estiver na sua frente e parte para o abraço! 
Mão direita ou mão esquerda?
Não se preocupe com aquela história de comer somente com a mão direita, eu sou CANHOTA e NUNCA ninguém me olhou feio. Lembro que no início eu falei para meu marido que sou canhota e ele falou que eu não precisava me preocupar, então eu sempre cortei o chapati com as duas mãos, e nunca ninguém me olhou feio.

Não tenha medo de arriscar e viver uma nova experiência. 

Te garanto que essa valerá a pena!

Tem um artigo muito interessante se você quiser saber mais: www.foodrepublic.com

Abraços!!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Por que deletei o post anterior

Porque algumas pessoas gostam de mentir para si mesmas ignorando a verdade.
 O post está em rascunho, talvez um dia eu volte atrás e publique novamente.
Eu só quis dar uma satisfação para quem acompanha o blog e percebeu que o último post sumiu.

Abraços!!!

Update: o post foi republicado: "Cuidado  com o sonho das arábias".

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Você sabia?

Que o Punjab faz fronteira com o Paquistão;

Historicamente enfrentou invasões pelos persas, gregos, turcos e afegãos, por isso sua cultura combina  influência  hindu, budista, islâmica, afegã, sikh e britânica;

O Estado é também lar de uma das mais antigas civilizações do mundo, a Civilização do Vale do Indo, a primeira civilização da Índia;

A capital era Lahore, mas durante a partição da Índia Britânica, em 1947 foi atribuída ao Paquistão, de modo que uma nova capital para o Punjab na Índia foi construída em Chandigarh;

Punjab é uma combinação de palavras persas que significam "Terra dos Cinco Rios";

O principal ponto turístico é Templo Dourado em Amritsar;

A principal dança é bhangra;

Entre as principais cidades do Punjab estão também: Amritsar, Jalandhar, Ludhiana e Patiala;

A maior ocupação econômica é a agricultura;

É uma das regiões mais férteis na Índia. A região cultiva trigo, arroz, cana-de-açúcar, frutas e legumes;

Tem uma das melhores infraestruturas da Índia, com estradas, ferrovias, transportes aéreos e fluviais formando extensos elos de ligação por toda a região. O transporte público em Punjab é fornecido por ônibus, riquixás, ferrovias indianas e uma ligação ferroviária internacional para o Paquistão (Samjhauta Express);

O idioma oficial é Punjabi. É a nona língua mais falada no mundo e quarta língua mais falada na Ásia; 

Tem várias instituições de ensino superior, incluindo 32 universidades que oferecem cursos de graduação e de pós-graduação em  artes, ciências, engenharia, direito, medicina, medicina veterinária, e de negócios;

Uma das mais antigas instituições de ensino médico é a Faculdade Cristã de Medicina, que existe desde 1894  (a primeira faculdade para mulheres na Ásia);

É o único Estado da Índia de maioria sikh e também tem os punjabis hindus que tem forte ligação com o sikhismo;

E também sofre as consequencias do menor número de mulheres em relação aos homens devido o aborto de bebês do sexo feminino;

O clima é caracterizado por condições extremamente frias e extremamente quentes,  pode chegar a 49 ° C no verão e 0 ° C no inverno;

Tem 3 estações do ano: Verão, Monção e Inverno;

Muitos pratos são exclusivos  como sarson da saag, frango Tandoori, Shami kebab, makki di roti etc

Então, gostou das curiosidades sobre o Punjab?

Abraços!





Diferença entre Kajal e Surma - Kohl

De forma suscinta: kajal é o bastão que dá um efeito de lápis de olho ultra mega preto muito usado pelas mulheres. O kajal indiano é bem cremoso e fácil de aplicar. Surma (em punjabi e urdu) é um pó preto aplicado com um palitinho, muito usado pelos muçulmanos na Índia e por homens punjabi em cerimônias religiosas como o casamento. As duas formas podem ser chamadas de kohl mas fique atento na hora de comprar pois em muitos países do Oriente Médio e Ásia as pessoas entendem que surma é o pó e kajal ou khol é a forma cremosa que pode até mesmo ter a forma de lápis.

Procurei na internet sobre kajal e vi que muitas brasileiras usam um kajal libanês e dizem que tem um plástico no meio, além de parecer mais seco. Até agora não vi nenhum kajal indiano com esse plástico além de ser bem cremoso. Para quem gosta de kajal mas ainda está a procura do kajal perfeito recomendo experimentar o indiano pois eu acho que existe uma pequena diferença entre o libanês e o indiano.

A dica é usar sempre na mesma posição e assim ele vai moldar, depois quando começar a chegar na base mais grossa você usa a parte moldada na vertical. É normal o borradinho do kajal, afinal essa é a característica dele. Mas se você não quiser que ele borre tanto, é só passar pó compacto abaixo dos cílios inferiores.

A segunda opção é o kajal em forma de lápis.. Não fico sem, ele é muito concentrado, macio, dura o dia todo e não escorre nada.








Surma/Kohl
Surma é um pó aplicado com um palitinho na linha d'água. É usado também por homens. No casamento punjabi o noivo aplica surma nos olhos e no dia a dia é possível ver alguns homens mais tradicionais usando. Os muçulmanos na Índia também usam em dias especiais. Eu particularmente acho muito bonito um homem com surma nos olhos.
Na cerimônia antes do casamento, as irmãs do noivo aplicam surma nos olhos dele







Nunca usei surma, mas vi uma marca vendendo no Brasil, acho que é da Guerlain. Um frasco lindíssimo, fiquei tentada, mas achei o preço um pouco salgado, mesmo assim é uma opção, melhor do que pagar uma viagem à Índia só para comprar um kohl e também tem a garantia de usar um produto seguro livre de chumbo. Outra opção, e mais barata, é comprar pela internet.

Abraços!!!

Respondendo e-mail: Mulheres na India

Olá, Star!
Star, eu tenho uma dúvida, mas nunca ouvi falar sobre ou até mesmo comentarem, e espero que possa me ajudar, pois sei que você é vasta de conhecimentos sobre a cultura e tradição indiana. Estava pensando, que em todo hemisfério do globo terrestre sempre haverá as  mulheres inférteis, então surgiu-me a seguinte pergunta: Já que a Índia é um país que valoriza as tradições, o casamento, e a reprodução, o que aconteceria com uma mulher indiana se ela casasse e descobrisse que não poderia gerar filhos?. Sei que talvez pareça uma pergunta boba, mas sou uma pessoa que sempre me questiono de tudo e todos haha
Tentei procurar na internet, antes de recorrer a você, mas não achei nada sobre. Poderia me ajudar a "desvendar" esta curiosidade? haha

P.S: Sou a mesma que agradeceu-lhe pela dica do método champi e que sugeriu-lhe o post se existe natal na Índia, me desculpe por talvez parecer-me inconveniente, não é a minha intenção!.  hahaha

Beijos, e boas festas!

Atenciosamente, Carolina. 
:)



Olá, Carolina!

 Muitas mulheres recorrem ao tratamento para engravidar na Índia.

Infelizmente uma mulher casada na Índia é pressionada a ter filhos e quando não pode ter ela passa por situações constrangedoras e fica rotulada. Mas muitas fazem tratamento para engravidar, hoje o número de mulheres acima dos 60 anos que se tornam mães está aumentando na Índia.

Em grandes cidades as coisas começam a mudar lentamente e as pessoas não interferem tanto, mas em vilarejo é que "o caldo engrossa". Mulher de vilarejo sofre bastante, é humilhada pela família do marido e vizinhos.

Dos casos que conheço, as mulheres fizeram tratamento e deu certo. Não ouvi falar de casos de divórcio devido a infertilidade e conheço um homem que arrumou uma segunda esposa e dela veio o filho esperado. 

Uma curiosidade é que até hoje não fiquei sabendo de nenhum caso de adoção e não vejo os indianos conversarem sobre adoção abertamente.

Outro dia li esse artigo e explica muito bem o que acontece com a maioria das mulheres e achei que se encaixa perfeitamente com a sua pergunta:


Beijos!!!

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Não dá para agradar a todos

Não gente, não estou irritada, ninguém me provocou graças a Deus. Porém algumas pessoas não gostam daquilo que escrevo ou da forma que conto a realidade de um relacionamento intercultural aqui no blog.

Em verdade, mesmo com todos os blogs falando sobre as dificuldades de um relacionamento entre diferentes culturas (principalmente oriental como indiano, paquistanês e mundo árabe) algumas pessoas ainda esperam algo diferente aqui. 

Aliás, muitas (o público feminino é maioria) querem ler coisas boas, e sei também que as coisas negativas influenciam, mas não estou aqui para enfeitar minha vida e a de ninguém. 
Logo, algumas pessoas ficam chocadas e outras não acreditam, acham que exagero enquanto outras dizem que sou delicada demais (de fato, não gosto de falar de tragédias, deixo isso para os sites jornalísticos). 
Mas nada do que escrevo é absoluto. Escrevo opiniões relativas à minha experiência e modo de enxergar os fatos portanto os alertas que faço não são para desencorajar ninguém, muito pelo contrário, eu gosto de mostrar os prós e contras de um relacionamento intercultural. Procuro ser imparcial, não jogo nem contra e nem a favor. 

India e Brasil tem costumes totalmente opostos. O pensamento é oposto em cada detalhe. Vou dar um exemplo, para a maioria deles sapato e cachorro são coisas com o mesmo valor. Enquanto você amaaaa cachorro e o considera membro da família com direito a aniversário e seguro de saúde, para um indiano o cachorro é apenas um animal que come lixo, carniça e deve ficar fora de casa. 

E o sapato?? Outro exemplo, enquanto tocamos os pés dos mais velhos para pedir a benção e isso é visto como algo lindo, mas sapato em si é algo impuro, baixo, quem toca os sapatos de outra pessoa está se humilhando, por isso os sapatos ficam fora de casa e fora dos templos. Quem se lembra do jornalista iraquiano que deu uma "SAPATADA" no George W. Bush? Ele não fez isso porque estava nervoso e não tinha nada nas mãos a não ser os sapatos. Ele fez isso porque na cultura dele os sapatos humilham uma pessoa.
Como se não bastasse, aqui no Brasil tem uma propaganda no metrô daquela sandália Crocs a qual aparece uma menina com a sandália na cabeça. Meu marido olhou espantado e disse "como pode, a cabeça é onde fica nosso Deus, é nossa coroa e eles colocaram o sapato na cabeça dela!" Gente, isso é inadmissível na cultura deles enquanto na nossa não é praticamente nada. Ficou evidente o que tento passar.

Nesse sentido, não tenho a intenção de decepcionar ninguém e nem tirar a magia de ter um casamento de princesa com direito a mehendi e muito ouro, quero apenas dividir as diferenças e curiosidades que estão longe do convívio da maioria das pessoas. 
Em outras palavras, separo o joio do trigo, ou melhor, separo os contos de fadas da realidade mas sem perder o lado doce da história.

Mas...não dá para agradar a todos..!


Abraços!


Vai morar com os sogros?

Muitas mulheres brasileiras gostam da ideia de morar com a família do marido na India, eu nunca morei com meus sogros então não sei como é, mas no início do casamento moramos com minha família porque a gente não tinha condições de mudar de casa, e por mais que não houvesse nenhum atrito, o marido não gostou nenhum pouco e eu também não me sentia a vontade, afinal, a gente queria curtir nossa lua-de-mel, usar todos os cômodos da casa e criar nossa própria rotina. Mas para ele o principal motivo era cultural afinal é a ESPOSA que vai para a casa do MARIDO e não o contrário!

Nada como nosso cantinho, onde posso cozinhar a hora que quero e sei que tudo está lá do jeito que deixei, a casa arrumo do meu jeito, coisas que toda mulher casada quer.

Não quero desencorajar ninguém, então não vou falar muito, mas nada melhor do que uma indiana contando a própria história de viver com a família do marido:

https://indianhomemaker.wordpress.com/2012/05/25/an-email-from-a-happily-married-indian-daughter-in-law/

Muitas estrangeiras que se casam com indianos aceitam a ideia, vivem por um bom tempo com os sogros e depois com jeitinho vão mudando a cabeça do marido para arrumar uma casa só para os dois. É uma alternativa para quem está embarcando nessa e não tem ideia de como poderá ser.

Abraços!

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

O que estou ouvindo

Como sempre ouvimos muita música indiana em casa, meu marido deixou tocando na tv, e eu de longe ouvindo fiquei hipnotizada com essa música corri para a sala para ver o vídeo, achei a produção fantástica e desde então não paro de escutar.

Essa música preferida no momento é Malang do filme Dhoom3. A canção foi composta por Pritam com letra de Sameer Anjaan. Foi cantada por Siddharth Mahadevan e Shilpa Rao e interpretada no filme por Khan e Kaif. O desempenho da canção é representado como cena de teatro.  Sameer Anjaan descreveu a canção como um "belo, puro e sublime Sufi".

Idiomas: hindi/punjab/urdu

Para a produção da cena foram gastos US$790,000 e envolveu o trabalho de 200 acrobatas profissionais dos Estados Unidos. Foram 20 dias de filmagem e o palco levou 2 meses para ser montado. Profissionais do Cirque du Soleil foram contratados para ensaiar a dupla de atores.


Cantores
Shilpa Rao


Siddharth Mahadevan 

Abraços!

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Convivendo com vegetarianos parte II

Eu escrevi um post (depois colocarei o link aqui) falando sobre o vegetarianismo dos indianos. É muito mais complexo do que estamos acostumados a lidar aqui no Brasil.

Vou dar um exemplo: você cozinhou um frango. Aquela panela que você usou para cozinhar o frango, os talheres, louça e qualquer outra coisa que você tenha usado durante o preparo do frango se torna impuro para um vegetariano. Ou seja, ele não poderá usar nada daquilo.

Até um óleo de pastelaria é impuro porque o mesmo óleo é usado para fritar pastel de carne, calabresa, bacalhau..

Não adianta pedir um sanduíche vegetariano (hamburguer de soja, por exemplo) se a mesma chapa do restaurante é usada para fritar hambúrguer de carne de vaca e bacon.

Além dos indianos vegetarianos, existem aqueles que não são vegetarianos mesmo assim tem algumas restrições alimentares por razões culturais e religiosas como por exemplo, não comem alho, cebola, ovos, carne de vaca, carne de porco etc.

Meu marido não é vegetariano, mas se encaixa no grupo daqueles que tem restrições alimentares. Só não come carne de vaca nem de porco.
Aqui no Brasil temos dificuldade com a comida na rua e não posso negar que por descuido ele já comeu presunto e outro tipo de carne de porco e só veio a saber depois, como por exemplo, cachorro-quente. Como ele não conhece o gosto, não sabe identificar um presunto logo de início, o cheiro do bacon no feijão, o caldo de carne no molho. 

Ele não tem tanto problema com carne de vaca como tem com a carne de porco, essa última é inaceitável e é onde temos maiores problemas porque várias vezes pedimos feijão sem bacon, sanduíche sem bacon, ou qualquer outra coisa sem carne de porco como presunto e o pedido vem errado.

Fiquei neurótica com essa dificuldade em encontrar algo vegetariano ou sem carne vermelha que todo lugar confiro a comida. Outro dia fomos num restaurante vegetariano, muito bom, e na hora que a comida chegou já fui cutucar a comida pensando "nossa, deixa ver se tem bacon" depois que me lembrei que era impossível lá, e respirei aliviada. Eu poderia deixar ele comer qualquer coisa e ficar quieta, mas não tenho coragem, às vezes é um pedacinho que ele nem percebe, mas se eu vejo não consigo esconder. Me lembro de uma frase que meu pai diz: A pessoa é responsável pelo mal que fizer, e pelo bem que deixar de fazer.

No início ele ficava estarrecido por ser tão difícil seguir a rotina alimentar dele aqui no Brasil, porque o mesmo espetinho de frango é assado junto aos espetinhos de linguiça, o pastel de queijo é frito no mesmo óleo do pastel de carne e calabresa, o sanduíche de frango é feito na mesma chapa que frita bacon.
Ele chegou a falar com um guru na Índia sobre isso, pois ele se sentia culpado, mas o guru disse que Deus sabe que ele não faz por mal, apenas porque não tem escolha pois os costumes daqui são outros.
Então fazemos assim, pedimos o pastel de queijo na feira e o sanduíche na chapa e fingimos que não vemos a mistura toda.

Pois bem, vivemos assim, perdendo tempo checando rótulos e cardápios e todo esse sistema se aplica ao vegetariano. Imagino como vegetariano no Brasil sofre até para fazer compras. Algo deveria mudar, e existir uma forma de tornar mais prática a vida do consumidor. Na Índia, toda embalagem que tem esse símbolo verde significa que o alimento é vegetariano, e vermelho quando não é. Muito bom! Vocês não tem ideia de como isso facilita a vida!



Abraços!