sábado, 19 de novembro de 2016

Olá pessoal! Essa semana estive conversando com minha amiga Pâmela que não mora no Brasil, mas convive de perto com a comunidade indiana. Gostamos de trocar experiências e grande parte dos nossos assuntos é a respeito da cultura indiana. Eis que surgiu o tópico da criação dos filhos. 

A maioria das indianas que vivem fora da Índia com seus maridos ou moram com a família do marido e trabalham fora, deixam os filhos com os sogros. Os sogros tem uma participação ativa na criação dos pequenos. Diferente do Brasil, onde a criança na maioria das vezes fica com os avós maternos, na Índia a criança fica com os avós paternos, pois se a esposa passa a viver na casa do marido nada mais justo para eles do que deixar o filho aos cuidados dos pais do marido.

Isso foi um choque para mim e minha amiga pois para as indianas é normal mudar de país e deixar os filhos pequenos na Índia aos cuidados dos avós paternos pois assim os pais podem se estabilizar no novo país e depois chamar a criança para viver com eles. 

Muitos indianos não gostam da ideia de ter uma babá ou deixar as crianças aos cuidados de estranhos.

Acho interessante como a família indiana é participativa, mas como nem tudo são flores pois os avós indianos costumam mimar demais os netos, principalmente os meninos. Os meninos podem fazer tudo, e na Índia as crianças correm livres pela casa, pelo quintal de terra, sem fralda do jeito que vieram ao mundo. 

Eu vi isso de perto quando recebemos no aeroporto uma indiana que foi buscar o filho de 4 anos que vivia num vilarejo da Índia sendo criado pelos avós. A família não era do Punjab então não sei se faz diferença no modo de criação. 

Além do choque cultural que o menino enfrentou assim que chegou ao Brasil, só fazia o que queria e quando não era atendido fazia uma birra enorme de se jogar no chão e chorar. 

Achei uma situação estranha pois naquele momento os pais ainda estavam lidando com a adaptação de ter um filho de 4 anos de um dia para o outro e a criança estranhava os pais. Eles perderam os primeiros passos do filho e tantos outros momentos que passam tão depressa nessa fase da vida. 
A criança não falava nada, concluí que não havia conversa. 
A criança não comia nada sólido, só bebia leite. Fiquei chocada quando vi que ele não passou pelo processo de introdução dos primeiros alimentos sólidos como fazemos com um bebê. Então ele não conseguia engolir nada pois só sabia beber leite e claro, sentia fome a cada 2 horas. Eu perguntei para a mãe sobre isso e ela angustiada me falou: " Agora ele vai ser criado do MEU jeito". Senti que isso a incomodava mas como uma "boa nora " ela não interferia em nada e aceitava tudo. Tentamos dar um pedacinho de pizza e ele cuspiu tudo no chão. A cada minuto um novo detalhe me chocava.

Ele também não estava acostumado na usar fraldas quando vivia com os avós, e nem foi ensinado a ser levado ao local correto para fazer xixi, é claro que o inevitável estaria para acontecer: ele sentiu vontade de fazer xixi então tirou a calça e fez um belo xixi no piso de madeira da minha sala. Meu marido falou que na Índia é normal as crianças fazerem na terra, por isso ele agiu dessa forma. Leia o texto muito interessante a esse respeito no blog Tabibito Soul: Um bebe e muitos choques culturais https://tabibitosoul.com/2016/11/12/um-bebe-e-muitos-choques-culturais/
Não pude fazer nada a não ser limpar. 

É claro que isso depende de uma família para outra, mas adaptação estava sendo muito difícil e compreensível. Foram 2 dias intensos!


Abraços


2 comentários:

  1. Oi, Star!!Ai....nem me fale!! Me estresso toda vez que vou na casa dos meus sogros, porque meu sobrinho quer pegar nossos celulares, camera fotografica, rabiscar meus livros e, minha sogra simplesmente diz: - "Da para ele! Deixa ele brincar!" Noossa...o tempo fecha logo, ainda mais porque apesar de amar meu sobrinho, eu sou a unica que tem coragem de dizer "nao" para ele e traze-lo para a realidade. Tivemos um stress enorme no ultimo Diwali quando ele viu minha maquina fotografica e abriu o berreiro quando eu recusei dar na mao dele. Falei bem seria que aquilo nao era brinquedo e que NUNCA iria dar a ele. Ele chorou, esperneou, todo mundo fez carinho nele e eu, continuei com a cara fechada. Ele entendeu e, nos outros dias, eu pude usar a camera sem problemas, ja que ele nem ousou pedir! Dizer"nao" faz muito bem para as criancas. Mas, todo ano eh sempre um stress!!!

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  2. Aqui em casa foi a mesma coisa e eu fui a única que disse "não" quando ele quis mexer no fogão. Eu tirei a mão dele do botão e disse firme "aqui NÃO!!" Ele fez uma carinha de que se assustou por ser contrariado mas nunca mais chegou perto do fogão!Como você disse, o trouxe para a realidade. Aqui também foi muito stress!!
    Beijos!!

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