sábado, 16 de março de 2013

 Quem te deu vida, Taj-Mahal, criatura de pedra?
 Quem te alimenta de seiva imortal? Para levantares, sempre alto no céu, a bela grinalda, nascida da terra, para todos os anos descer sobre ti o triste suspiro de adeus do fim da Primavera!
 Todos os cantos, úmidos de lágrimas, perdidos, desfeitos com as luzes das lâmpadas e os rostos fatigados, no final das reuniões noturnas, ouvem-se aí desfeitos e vivos, em torno de ti, oh Pedra ainda viva!

 O teu Amante real, desesperado, o coração ferido, ofereceu aos homens a gema do amor doloroso.  Não se vêem os soldados do Imperador. O monumento está sob a guarda das Quatro Regiões do céu.
 O azul dá-lhe sempre um beijo silencioso. O sol da manhã empresta-lhe grandeza e a lua pálida, graciosa, cede-lhe a dolência, o sorriso do amor sem esperança.

 E tu, Rainha! A lembrança do teu amor transmitiu à Beleza uma grandeza imortal. Essa lembrança nasceu de ti, para levar ao mundo inteiro a vida de uma luz.
 Tua lembrança descarnada readquiriu carne e une o afeto do Imperador ao afeto de todos os homens.
 Tua coroa vai da casa do rei para adornar a fronte de todas as Bem Amadas, em um palácio ou em uma choupana. A lembrança do teu amor santificou-a.

 O espirito do Imperador, os bens, os serviços do Imperador desapareceram do grande universo imperial. 

Mas é eterno o sofrimento amoroso da humanidade que dia e noite, oh Beleza de pedra, sob o símbolo da tua paixão, oferece-te o seu culto.

(Poeta indiano Rabindranath Tagore)



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