Quem te deu vida, Taj-Mahal, criatura de pedra?
Quem te alimenta de seiva imortal? Para levantares, sempre alto no céu, a bela grinalda, nascida da terra, para todos os anos descer sobre ti o triste suspiro de adeus do fim da Primavera!
Todos os cantos, úmidos de lágrimas, perdidos, desfeitos com as luzes das lâmpadas e os rostos fatigados, no final das reuniões noturnas, ouvem-se aí desfeitos e vivos, em torno de ti, oh Pedra ainda viva!
O teu Amante real, desesperado, o coração ferido, ofereceu aos homens a gema do amor doloroso. Não se vêem os soldados do Imperador. O monumento está sob a guarda das Quatro Regiões do céu.
O azul dá-lhe sempre um beijo silencioso. O sol da manhã empresta-lhe grandeza e a lua pálida, graciosa, cede-lhe a dolência, o sorriso do amor sem esperança.
E tu, Rainha! A lembrança do teu amor transmitiu à Beleza uma grandeza imortal. Essa lembrança nasceu de ti, para levar ao mundo inteiro a vida de uma luz.
Tua lembrança descarnada readquiriu carne e une o afeto do Imperador ao afeto de todos os homens.
Tua coroa vai da casa do rei para adornar a fronte de todas as Bem Amadas, em um palácio ou em uma choupana. A lembrança do teu amor santificou-a.
O espirito do Imperador, os bens, os serviços do Imperador desapareceram do grande universo imperial.
Mas é eterno o sofrimento amoroso da humanidade que dia e noite, oh Beleza de pedra, sob o símbolo da tua paixão, oferece-te o seu culto.
(Poeta indiano Rabindranath Tagore)
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